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segunda-feira, 19 de agosto de 2013


Platão – o realismo das ideias.   Professor Marcos Brito.

Platão nasceu em Atenas, em 428 ou 427 a.C., era filho de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre família. Seu nome era Arístocles, mas recebeu o apelido de Platão, que em grego significa de ombros largos. Recebeu educação especial, estudou leitura e escrita, ginástica, música, pintura e poesia. Era excelente atleta, participou dos jogos olímpicos como lutador.
Aos vinte anos, Platão conheceu Sócrates - mais velho do que ele quarenta anos - e teve oito anos do ensinamento e da amizade do mestre.
Mesmo quando discípulo de Sócrates e, ainda depois a morte do seu mestre, Platão estudou também os maiores pré-socráticos.
Em Atenas, pelo ano de 387, Platão fundou a sua célebre escola, que, dos jardins de Academo, onde surgiu, tomou o nome famoso de Academia.
Platão interessou-se vivamente pela política e pela filosofia política. Dedicou-se inteiramente à especulação metafísica, ao ensino filosófico e à redação de suas obras, atividade que não foi interrompida a não ser pela morte. Morreu o grande Platão em 348 ou 347 a.C., com oitenta anos de idade.

Platão é o primeiro filósofo antigo de quem possuímos as obras completas. A atividade literária de Platão abrange mais de cinquenta anos da sua vida: desde a morte de Sócrates, até a sua morte. Platão escreveu sobre diversos assuntos, tais como ética, arte, teoria do conhecimento, entre tantas. Suas obras influenciaram e moldam até hoje a filosofia ocidental.

PLATÃO e o Mundo Sensível e o Mundo das Ideias

Para Platão, as ideias são realidades que existem, aliás, as únicas verdadeiramente existentes, uma vez que as coisas que vemos e tocamos são como sombras efêmeras. Deve-se, pois, entender a filosofia de Platão como um realismo das ideias.
Platão faz distinção entre aparência (O MUNDO SENSÍVEL) e realidade (O MUNDO DAS IDEIAS).
Ora, se existe um mundo de realidade e um mundo de aparência, deve-se procurar saber como se pode distinguir um do outro. Sabe-se que as aparências são diagnosticadas por nossas sensações (os sentidos: visão, audição, tato, olfato, paladar) ao passo que as nossas ideias diagnosticam o mundo da realidade.
Por aí se vê que só podemos aproximar-nos da realidade através do pensamento. O CONHECI­MENTO VERDADEIRO É AQUELE QUE SE REFERE ÀS ESSÊNCIAS, ÀS IDÉIAS.
Platão afirma que as ideias são vivas e não inertes, como muitos poderiam pensar. Para ele a ideia mais importante é a do Bem, porque constitui a natureza de Deus criador soberano do Cosmo. Não pode o Bem ser causa do Mal.
Todavia, a existência do Mal não pode ser negada, é o inverso, que se opõe ao Bem. O que importa é que todas as ideias se inclinam para aquela ideia superior a todas elas, que é a ideia do Bem.
Platão quer que o Estado se ajuste à ideia do Bem, dai por que coloca sua filosofia a serviço da teoria política do Estado. Crê que se a ideia do Bem é a suprema ideia e é aquela que rege e manda em todas as outras ideias, do mesmo modo, entre tudo o que existe no mundo sensível, o que deve e tem que coincidir com a ideia do Bem é o ESTADO.
Por isso, ele escreve esses dois livros admiráveis, A República, e As Leis, onde mais profundamente estuda a formação do Estado ideal e chega à conclusão de que o Estado ideal seria aquele em que os mandantes fossem filósofos.

Na Alegoria da Caverna, Platão resume a aprendizagem do homem, buscando as verdadeiras ideias no mundo maravilhoso do incognoscível. E nessa alegoria que Platão estabelece a comparação entre o mundo sensível e o mundo inteligível. Para tanto, lança mão de sombras que se projetam no fundo de uma caverna escura, quando pela sua entrada passam objetos iluminados pela luz do sol.
O Mito da Caverna
Descrição: D:\Downloads\images.jpg
O Mito da Caverna, também conhecido como “Alegoria da Caverna” é uma passagem do livro “A República” do filósofo grego Platão. É mais uma alegoria do que propriamente um mito. É considerada uma das mais importantes alegorias da história da Filosofia. Através desta metáfora é possível conhecer uma importante teoria platônica: como, através do conhecimento, é possível captar a existência do mundo sensível (conhecido através dos sentidos) e do mundo inteligível (conhecido somente através da razão).

O mito fala sobre prisioneiros (desde o nascimento) que vivem presos em correntes numa caverna e que passam todo tempo olhando para a parede do fundo que é iluminada pela luz gerada por uma fogueira. Nesta parede são projetadas sombras de estátuas representando pessoas, animais, plantas e objetos, mostrando cenas e situações do dia-a-dia. Os prisioneiros ficam dando nomes às imagens (sombras), analisando e julgando as situações, acreditando ser elas o mundo real de fato.
Vamos imaginar que um dos prisioneiros se liberte das correntes para poder explorar o interior da caverna e o mundo externo. Entraria em contato com a luz do sol (de forma confusa e com certa dificuldade), com a realidade e perceberia que passou a vida toda analisando e julgando apenas imagens projetadas por estátuas. Ao sair da caverna e entrar em contato com o mundo real ficaria encantado com os seres de verdade, com a natureza, com os animais e etc. Voltaria para a caverna para passar todo conhecimento adquirido fora da caverna para seus colegas ainda presos. Porém, seria ridicularizado ao contar tudo o que viu e sentiu, pois seus colegas só conseguem acreditar na realidade que enxergam na parede iluminada da caverna. Os prisioneiros vão o chamar de louco, ameaçando-o de morte caso não pare de falar daquelas ideias consideradas absurdas.

O que Platão quis dizer com o mito da caverna

“A caverna subterrânea é o mundo visível. O fogo que a ilumina é a luz do sol. O prisioneiro que sobe à região superior e contempla suas maravilhas é a alma que ascende ao mundo inteligível. E o que eu penso, mas só Deus sabe se é verdade. Em todo caso, eu creio que nos mais altos limites do mundo inteligível está a ideia do bem que dificilmente percebe­mos, mas que ao contemplá-la, concluí­mos que ela é a causa de tudo o que é belo e bom”. (A República, VII, 518b-d).
Os seres humanos tem uma visão distorcida da realidade. No mito, os prisioneiros somos nós que enxergamos e acreditamos apenas em imagens criadas pela cultura, conceitos e informações que recebemos durante a vida.
A caverna simboliza o mundo, pois nos apresenta imagens que não representam a realidade. Só é possível conhecer a realidade, quando nos libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna.
Qualquer pessoa que tente buscar a essência das coisas para além do mundo sensível será como o personagem da caverna, que por acaso se libertou, e assim como Sócrates correria o risco de ser morto por expressar seu pensamento e querer mostrar um mundo totalmente diferente.
Transpondo para a nossa realidade, é como se você acreditasse, desde que nasceu que o mundo é de determinado modo, e então vem alguém e diz que tudo aquilo é falso e tenta te mostrar novos conceitos, totalmente diferentes.
Descrição: D:\Downloads\The_Matrix_Poster.jpgFoi justamente por razões como essa que Sócrates foi morto pelos cidadãos de Atenas, inspirando Platão à escrita da Alegoria da Caverna pela qual Platão nos convida a imaginar que as coisas se passam, na existência humana, comparavelmente à situação da caverna: ilusoriamente, com os homens acorrentados a falsas crenças, preconceitos, ideias enganosas e, por isso tudo, inertes em suas poucas possibilidades.
Tal como a personagem Neo, no filme MATRIX que, ao descobrir a VERDADE, tem que escolher entre o mundo real e o sensível, tomando a pílula azul ou vermelha. Ao tomar a pílula vermelha, ele agora passa a ser caçado de morte, pois não pode libertar mais ninguém com a verdade descoberta.

PLATÃO E A TEORIA DO CORPO E DA ALMA

A teoria das ideias de Platão está diretamente ligada a sua teoria da alma.   Na parte IV do seu livro “República” Platão concebe o homem como corpo e alma. Enquanto o corpo modifica-se e envelhece, a alma é imutável, eterna e divina. A alma inteligente preso ao corpo um dia foi livre e contemplou o mundo das ideais, mas as esqueceu.
É somente através da busca do conhecimento, através de um processo de recordação, de REMINISCÊNCIA o homem pode lembrar-se das ideias que um dia contemplou.   A realidade sem forma, sem cor, impalpável só pode ser contemplada pela inteligência, que é o guia da alma. Platão divide a alma em três partes:

1.     O lado racional está localizado na cabeça, seu objetivo é controlar os dois outros lados, com ele adquirimos a sabedoria e a prudência.
2.     O lado emotivo está localizado no coração, seu objetivo é fazer prevalecer os sentimentos e a impetuosidade, com ele adquirimos a coragem.
3.     O lado sensível que está localizado no baixo-ventre, seu objetivo é satisfazer os desejos e apetites sexuais, com ele adquirimos a moderação ou a temperança. 

Platão acreditava numa alma imortal, que já existia no mundo das Ideias antes de habitar nosso corpo. Assim que passa a habitá-lo esquece das Ideias perfeitas. Então o mundo se apresenta a partir de uma vaga lembrança. Para Platão, a alma quer voltar sempre para o mundo das Ideias. Na Grécia antiga, órficos admitiam que a alma surgisse antes do corpo e viveria depois que o corpo morresse. A alma reencarnaria. Isso aconteceria muitas vezes até que um estado de pureza fosse alcançado. Gnósticos e maniqueístas também tinham a reencarnação como um fato. A imortalidade da alma era aceita por Platão e por estes grupos de estudiosos.
O Mito do Cocheiro de Platão

Descrição: D:\Downloads\cocheiro.jpgNo Mito do Cocheiro Platão compara a alma a uma carruagem puxada por dois cavalos, um branco (emotivo) e um negro (sensível). O corpo humano é a carruagem, e o cocheiro (Razão) conduz através das rédeas (pensamentos) os cavalos (sentimentos).  Cabe ao homem através de seus pensamentos saber conduzir seus sentimentos, pois somente assim ele poderá se guiar no caminho do bem e da verdade. Platão afirma que não podemos ser felizes quando somos dominados pela concupiscência e pela cólera, isso porque as paixões sempre nos conduzem por caminhos perigosos e contraditórios e fazem com que os desejos e impulsos violentos de nosso corpo tirem nosso bom senso.  Já dizia Sócrates que todo vicio é ignorância. Não há nada mais deprimente do que uma pessoa que age por impulsos e é dominada pelas paixões. Ter autocontrole é essencial para sermos felizes. A felicidade só pode ser alcançada se formos capazes de dominar nossos sentimentos pela razão. A moderação é uma virtude e ela se realiza quando somos capazes de controlar a nossa concupiscência. O indivíduo moderado é aquele que não cede as suas paixões, impulsos e prazeres. Da mesma forma o indivíduo não se lançara a luta e a agressão indiscriminadamente, uma vez que a razão deve saber discernir o que é bom e mal para nossa vida, sabendo dominar a nossa alma irascível. Dessa forma, seremos felizes se através da razão soubermos controlar nossa vida, pois a virtude natural da razão é o conhecimento.  

O Estado e a teoria dos reis filósofos

A Teoria Política de Platão

A República é a maior e mais reconhecida obra política de Platão.  A obra se foca na questão de justiça: Como é um Estado justo? Quem é um individuo justo? Segundo Platão, a melhor forma de governo é a ARISTOCRACIA por mérito. Aristocracia, etimologicamente, significa "governo dos melhores". Platão, em seu texto República, afirma que a qualidade que capacita para o governo é o desenvolvimento humano aprimorado, alicerçado na sabedoria, e que está é restrita aos filósofos. Além disso, somente a partir de um forte processo de seleção educativa, que tiver como base a igualdade para os envolvidos, será possível e razoável determinar quem será o governante.

Platão divide o estado ideal em três classes:

1.         A classe dos comerciantes,
2.         A classe dos militares,
3.         A classe dos filósofos-reis.

Os filósofos-reis são encarregados de governar o país. As classes não são hereditárias, elas são determinadas pelo tipo de educação obtida pela pessoa.  Com maior nível de educação a pessoa se pertence à classe dos filósofos-reis.
A República aborda diversos temas sobre justiça, governo e apresenta um governo utópico. Essa obra vem sendo amplamente lida através dos séculos, por mais que suas propostas nunca foram adotas como uma forma de governo concreta.
Em A República, Platão idealiza uma cidade, na qual dirigentes e guardiães representam a encarnação da pura racionalidade.  Neles encontra discípulos dóceis, capazes de compreender todas as renúncias que a razão lhes impõe, mesmo quando duras. 
O egoísmo está superado e as paixões, controladas. Os interesses pessoais se casam com os da totalidade social, e o príncipe filósofo é a tipificação perfeita do demiurgo terreno. 
O Livro VII de A República - tratar-se-á da educação do futuro governo-filósofo. Todas as quatro virtudes (sabedoria, coragem, temperança e justiça) sobre as quais deve ser construído o Estado Ideal, só são conhecidas, úteis e valiosas a partir da ideia de Bem. Assim, a ideia do Bem se constitui no mais alto saber, ao quais os guardiões devem aspirar e serem conduzidos. É mediante tal ideia que tudo se torna compreensível:

“... No limite do cognoscível (do que se pode conhecer) é que se avista, a custo, a ideia do Bem; e, uma vez avistada, compreende-se que ela é para todos a causa de quanto de justo e belo há; que, no mundo visível, foi ela que criou a luz, da qual é senhora; e que, no mundo inteligível, é ela senhora da verdade e da inteligência, e que é preciso vê-la para ser sensato na vida particular e pública” (517 a-b-c).

Mas, para que o guardião, futuro filósofo-rei, atinja o Bem, é preciso “sair da caverna e contemplar o Sol”. É no livro VII que está a “alegoria da caverna”, a mais sugestiva imagem da República, que trata dos níveis do conhecimento humano (514-a. 518-b).
Platão considerava que a cidade-estado deveria ser governada por filósofos porque somente o filósofo, era o ser ético e virtuoso, e o único que poderia representar o povo... Pois o verdadeiro sábio não deve ter como preocupação o dinheiro... Mas o bem maior que está acima do poder do capital, que seria o Bem em si...

Conclusão

Bom! As ideias de Platão não persistem, porque nenhum filósofo deu continuidade a esse pensamento de que o governante deveria ser um Filosofo. E fazendo uma ponte com a atualidade, também vemos que muitos políticos se preocupam mais em tirar vantagens para si do que resolver os problemas sociais. É por isso que existem os manifestos no Brasil.. E se o Brasil fosse governado por um filósofo, com certeza a realidade seria outra.
Platão era utópico. Sua forma de governo, tal como proposta em sua obra A República, só existe no mundo ideal, não no mundo real.

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