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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A ÉTICA E A DIVERSIDADE CULTURAL



A ÉTICA E A DIVERSIDADE CULTURAL

O QUE É ÉTICA?

            A ética na sua concepção mais abrangente consiste num saber prático empenhado em diferenciar o que está bem ou mal, o que justo ou injusto, em outras palavras, com o moral ou imoral.
            Esses qualificativos são partes da consideração sobre o agir das pessoas, das relações que elas estabelecem entre si, bem como dos valores, normas e instituições reguladoras de tais relações. Esses juízos se expressam através de nossa linguagem, pois derivam de nossa capacidade de deliberar, de decidir e atuar de modos diferentes, ou seja, do fato básico da liberdade.

            Nesse sentido é importante entender o seguinte: como seres humanos; agimos, e diante disso, podemos julgar a ação a partir de critérios ou valores. É necessário entender que, no caso de analisar, criticar e julgar, a ética nos fornece o aspecto teórico, ou seja, os critérios ou princípios, com os quais se pode realizar essa análise e fazer o julgamento a respeito do justo ou injusto, legal ou legitimo, o que deve ser feito e evitado ou recusado.
            Compreender a ética, dentro de uma perspectiva de uma sociedade atual, significa reconhecer a capacidade de emitir juízos acerca da moralidade ou imoralidade de uma decisão qualquer, embora tal fato envolva pessoas de diferentes países, credos religiosos, concepções de vida, partidos políticos, facções etc...
            Ao procurarmos a origem da palavra ética, nos deparamos, por um lado, com o estudo do fenômeno moral, o tipo de orientação e como se deve agir na relação com os demais; por outro, com o processo de fundamentação, ou seja, buscar os fundamentos que justificam as proposições morais.
            Ao afirmar que a ética trata de princípios e valores que orientam a ação humana, nos referimos os aspectos imprescindíveis da relação humana, como o são a justiça, a solidariedade, os direitos econômicos, sociais e culturais, a direitos ecológicos e a paz.
            A ética exige uma pretensão de universalidade, isto é, pressupostos subjacentes á nossa competência comunicativa, seja qual for o contexto social e histórico em que ela se produza. Desse modo, nossa capacidade de argumentar, de aduzir razões para justificar o que fazemos ou desejamos fazer. Por outro lado, a ética exige um diálogo para um posterior acordo, como mecanismo para resolução de conflitos e para a busca de soluções entre todos os afetados e implicados. Tais soluções merecerão o qualitativo de justas ou moralmente corretas, sempre que o principio de atuação se aproximar das condições de todos.
               
ALGUNS CONCEITOS DE ÉTICA

            A Ética, na essência da palavra, vem do grego ETHOS e significa: CASA, MORADA DO HOMEM, no sentido da experiência da existência do ser humano. Veja outros significados:
            A – É o modo de ser, o caráter do homem, ou melhor, a sua relação intersocial com seus parâmetros de vida.
            B – É a conduta de cada ser humano no meio social se traduzindo no campo da moral, refletindo diretamente no comportamento de cada um.
            C – É algo ligado à política, é racionalista e se explica pela virtude, cujo objetivo é o bem comum.
            D – É um conjunto de verdades, mandamentos e condutas revelado por Deus e seguido pelos homens – é o comportamento moral tomado de rumos teológicos, subordinado a filosofia.
            E - A  Ética Ambiental surge como uma nova relação de consciência entre o homem e a natureza: o ser humano faz parte da natureza e não é o seu dono, não a tem para serví-lo, mas para que ele sobreviva em harmonia com os demais seres. Nesta nova concepção o homem passa a se preocupar com suas ações e como conseqüência passa a praticar ações coerentes com a natureza. Nesta nova linha de pensamento, podemos definir Ética Ambiental como:

·         É uma conduta de comportamento do ser humano com a natureza, cuja base está na conscientização ambiental e no compromisso preservacionista, onde o objetivo é a conservação da vida global.
           
A Ética e as Diferenças Culturais

                Nós não nascemos inteiramente prontos para viver. Ao contrário, precisamos de cuidados, orientação e ensinamentos; ou seja, só nos tornamos de fato humanos na medida em que convivemos e aprendemos com outras pessoas em uma dada cultura. Por meio desse aprendizado na vida social formamos nossa personalidade e elaboramos nossos planos de vida, nossos sentimentos e desejos. Nossa vida só pode acontecer verdadeiramente se participarmos de um mundo cultural, se partilhar-mos um conjunto de referências sociais. 
            Todas as culturas humanas criaram modos de viver coletivamente, de organizar sua vida política, de se relacionar com o meio ambiente, de trabalhar, distribuir e trocar as riquezas que produzem. Mais ainda, todos os povos desenvolveram linguagens, manifestações artísticas e religiosas, mitologias, valores morais, vestuários e moradias. 
            Assim, a pluralidade cultural indica, antes de tudo, um acúmulo de experiências humanas que é patrimônio de todos nós, pois podem enriquecer nossa vida ao nos ensinar diferentes maneiras de existir socialmente e de criar o futuro. 

A origem das Diversidades culturais

            Há um consenso geral entre os principais antropólogos que o primeiro homem surgiu na África, há cerca de dois milhões de anos atrás. Desde então, temos nos espalhados por todo o mundo, com sucesso em nos adaptarmos às diferentes condições, como por exemplo, as mudanças climáticas.
            As muitas sociedades que surgiram separadas por todo o globo diferiam sensivelmente umas das outras, e muitas dessas diferenças persistem até hoje.
            Bem como os mais evidentes: as diferenças culturais que existem entre os povos, como a língua, vestimenta e tradições, também existem variações significativas na forma como as sociedades organizam-se na sua concepção partilhada da moralidade e na maneira como interagem no seu ambiente. É discutível se essas diferenças são apenas artefatos decorrentes de padrões de migração humana ou se elas representam uma característica evolutiva que é fundamental para o nosso sucesso como uma espécie.
            É possível argumentar que a diversidade cultural pode ser vital para a sobrevivência a longo prazo da humanidade e que a preservação das culturas indígenas pode ser tão importante para a humanidade como a conservação das espécies e do ecossistemas para a vida em geral.

Noção de Aculturação

"A aculturação é o conjunto de fenômenos que resultam de um contato contínuo e direto entre grupos de indivíduos de culturas diferentes e que provocam mudanças nos modelos culturais iniciais de um ou dos dois grupos." Conceito que figura no Memorando para o Estado da Aculturação de 1936, elaborado por Robert Redfield, Ralph Linton e Melville Herskovits.

            O que acontece quando se dá o que freqüentemente se chama de "contato entre culturas"? Pode existir mudança cultural a partir desses contatos. Como isso se dá?

  1. É possível haver uma Interpenetração de culturas, ou seja, é possível que duas culturas se entrecruzem e que os sujeitos possam transformar seus modos de vida e de pensamento quando interagem;
  2. É possível que haja também uma Assimilação - implica no desaparecimento total da cultura de origem de um grupo e na interiorização completa da cultura do grupo dominante;
  3. A rigor, a assimilação não existe, na medida em que o contato social é marcado por um processo em que antigas significações são atribuídas a elementos novos; ou em que novos valores mudam a significação cultural de formas antigas. Esse processo é conhecido por "Reinterpretação";
Tolerância e convívio da pluralidade cultural

                O debate sobre esse tema tem se tornado bastante intenso nesse início de século, que expande o circuito de relações dos povos e nações por todo o globo e ao mesmo tempo reafirma as identidades dos grupos específicos. 
            Assim, a pluralidade cultural é também um foco constante de conflitos, pois traz consigo concepções que questionam profundamente nossas crenças e valores. 
            Por esse motivo, a realização das possibilidades de desenvolvimento humano depende do enfrentamento de um desafio: como reconhecer o direito à diversidade quando há discordância de condutas e pensamentos? Para dar conta disso, tem havido um esforço grande para se desenvolver uma ética universal que afirme valores morais para a regulação do comportamento entre os diversos grupos culturais e as pessoas que manifestam essas diferenças. Um exemplo desse debate é o relatório da Unesco "Nossa diversidade criadora", coordenado por Javier Pérez de Cuéllar. 
            A idéia da tolerância está no centro desse debate. Entretanto, é preciso esclarecer dois usos diferentes para essa palavra. É comum a palavra tolerância ser usada para expressar uma relação na qual uma pessoa suporta outra como quem agüenta uma carga que a oprime e a constrange. Nesse sentido, a pessoa que suporta o outro está em condição de desvantagem, pois aquele que é suportado está manifestando seu modo de ser - e o seu poder - oprimindo a manifestação da vida de quem está agüentando. Trata-se, portanto, de uma relação em que um afirma a sua liberdade negando a liberdade do outro. 
            Para expressar uma ética universal que respeita e afirma a pluralidade cultural, a tolerância tem sido definida com um sentido bastante diferente. Há tolerância efetivamente quando o convívio com o outro está baseado na manifestação livre e sem constrangimentos tanto de nossas particularidades quanto das particularidades do outro. Trata-se, portanto, de um encontro de liberdades que se afirmam sem se negar. 

O filósofo Adolfo Sánchez Vázquez definiu tolerância do seguinte modo:

  • A tolerância existe entre indivíduos ou grupos com diferentes convicções, modos de vida etc.;
  • É necessário reconhecer conscientemente essas diferenças;
  • As diferenças reconhecidas têm de ser importantes e afetar os indivíduos, não se pode ficar indiferente a sua existência;
  • As diferenças referem-se a pensamentos, hábitos, valores, crenças diferentes daquelas aceitas ou aprovadas pelos indivíduos como padrão de vida;
  • Embora não se concorde com as diferenças, admite-se o direito do outro de ser diferente e manter livremente suas diferenças;
  • Ao admitir esse direito, permite-se o diálogo e a argumentação com a intenção de persuadir o outro a mudar de posição.
           
            Dessa forma, a tolerância só pode existir quando há o dissentimento e a discórdia. Se não há conflito, ela deixa de ser necessária. O que a torna valiosa é justamente a possibilidade de criar uma relação entre homens que se reconhecem como iguais mesmo que tenham discordâncias e vivam de modos diferentes. 
            Assim, a tolerância pressupõe reciprocidade de direitos. Isso implica reconhecer que não se deve tolerar simplesmente para ser tolerante. A tolerância não serve de justificativa para si mesma. Ao contrário, o que lhe confere importância e determina sua razão de ser são valores irrenunciáveis com os quais ela se relaciona. Assim, justifica-se ser tolerante quando se criam relações pautadas no respeito à liberdade e à autonomia nossa e do outro, na convivência fraterna e solidária, e na democracia como modo de relação entre as pessoas e os grupos. 
            Portanto, não se deve aceitar a intolerância, a discriminação, a violência, as perseguições religiosas, étnicas e raciais, os comportamentos e as idéias que negam o respeito à liberdade e à autonomia dos outros, que impedem um convívio fraterno e solidário e que obstruem a construção de relações democráticas. 
            A tolerância efetiva permite ao outro manifestar suas diferenças, mesmo que elas afetem nossas convicções. Ao mesmo tempo, nos possibilita manifestar nossas particularidades que podem parecer estranhas para alguém. Certamente, não é um exercício fácil. Mas ele garante um convívio respeitoso, fraterno e democrático no qual a pluralidade cultural pode se afirmar com toda sua possibilidade de nos ensinar outros pontos de vista e de enriquecer nossas formas de vida. 

Supere as diferenças culturais

            Existem, essencialmente, seis diferentes raças: brancos, negros, asiáticos, hispânicos, índios americanos e esquimós. E se as pessoas da mesma raça podem partilhar algumas semelhanças, isso não significa que não sejam culturalmente diferentes e que não queiram que essa diferença seja reconhecida.
            Um dos grandes erros que se comete com alguma freqüência é o de acharmos que podemos catalogar as pessoas pela sua aparência física e o de pensarmos que essa mesma aparência nos revela quase tudo sobre as origens dessas mesmas pessoas.
Muitas das vezes cometemos erros bastante ofensivos quando tiramos conclusões sobre as pessoas apenas por olharmos para as suas características mais óbvias. 
            Outro erro habitual é partirmos do princípio que a nossa cultura e sociedade é melhor que outra e não entendermos que, quando falamos de identidades culturais, a questão não reside em ser melhor ou pior, mas tão somente em ser diferente.
            Este tipo de comportamentos abre a porta para tratamentos discriminatórios e injustos. A diversidade cultural ou racial vai para além daquilo que conseguimos visualizar porque pode, muitas vezes, estar escondida e a identidade cultural de alguém é tão importante como a sua identidade étnica. Então qual é a melhor atitude a tomar?
            Esquecer todos os seus preconceitos e estereótipos e dedicar algum tempo a tentar conhecer a cultura e valores desse seu colega. Sugestões:

·         Ler livros sobre a cultura do seu colega;
·         Conversar com ele(a) sobre os seus hábitos e costumes;
·         Pesquisar na Internet para conseguir encontrar informação adicional;
·         Evitar temas polêmicos (religião, por exemplo) para conversa;
·         Respeitar os seus costumes, por muito estranhos ou fora do comum que lhe possam parecer;
·         Ajudá-lo a compreender a sua cultura, para que ele perceba a sua estranheza face a certos hábitos.
           
            O respeito é a base da boa convivência e é a grande "arma" para combater possíveis constrangimentos ou preconceitos. Nós não somos todos iguais e porque não há uma cultura una, há que saber respeitar os que diferem dos nossos valores, opiniões, maneira de viver e olhar o mundo.

Noção de Discriminação Cultural e Racismo

            Podemos entender por discriminação cultural qualquer distinção, exclusão ou preferência em função da raça, da cor, origem étnica, que tenha por objetivo ou que produza como resultado a anulação e restrição do reconhecimento em condições de igualdade de direitos, liberdades e direitos sociais, econômicos e culturais. Uma das bases fundamentais dos direitos humanos é o princípio em que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. A discriminação cultural, racial e étnica continua sendo um dos maiores problemas de direitos humanos no mundo atual, atingindo tanto minorias culturais quanto populações inteiras.
            O racismo é a tendência do pensamento, ou o modo de pensar, em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras, normalmente relacionando características físicas hereditárias a determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais. O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões preconcebidas que valorizam as diferenças biológicas entre os seres humanos, atribuindo superioridade a alguns de acordo com a matriz racial. A crença da existência de raças superiores e inferiores foram utilizadas muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade e ao complexo de inferioridade, se sentindo, muitos povos, como inferiores aos europeus.

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